quarta-feira, 4 de abril de 2012

Alunos de Caio Prado Visitam o Museu Senzala Negro Liberto, em Redenção


Na manhã de terça-feira da semana passada, 27 de março, alunos do 3º Ano do Anexo de Caio Prado viajaram à Redenção para uma aula de campo no Museu Senzala Negro Liberto. A atividade foi coordenada pelo Professor Amadeu Cardoso, que nos relata a experiência de conhecer um lugar tão especial.
Segundo ele, "a proposta de uma aula de campo é transcender os limites físicos da sala de aula explorando a sensibilidade do contato direto dos alunos com aspectos ‘naturais’ do nosso meio". A aula foi parte da disciplina de geografia e abordou o tema A Construção da Economia Através do Sistema de Escravidão.


Museu Senzala Negro Liberto guarda memória da escravidão no Ceará
Na última terça-feira, dia 27 de março, a turma do 2º Ano H (do anexo Caio Prado) visitou o Museu Senzala Negro Liberto, localizado na cidade de Redenção. Durante a visita, percebemos que cada detalhe nos cômodos da casa 'tem uma nova história pra contar'. Envolto pela e nas marcas da história brasileira, o Museu guarda memórias que remontam ao século XVIII, revelando o momento vivido no país pelo binômio escravo e senhor de engenho.
A Vila de Acarape, hoje Redenção, foi o primeiro município brasileiro a abolir a escravidão, e a fez em 1º de janeiro de 1883. Antecipou-se em cinco anos à abolição da escravatura no Brasil Império, decretada através da Lei Áurea e assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.
O Museu foi instalado na Casa Grande do antigo Engenho Livramento. Desde 1873, o engenho ficou nas mãos de três coronéis: Simião Jurumenha (até  1913), Juvenal de Carvalho (até 1930) e Galdioso Bezerra Lima. Desde então, o local tem passado permanecido na família de Galdioso. Hoje, Hipólito Rodrigues de Paula Filho, conhecido como “Potin”, 60 anos, e sua filha Eneida Muniz Rodrigues, 34 anos, são os responsáveis pela manutenção da área.
O piso da Casa Grande, feito ao estilo mosaico português, é originário do século XVIII. O primeiro proprietário, Simião Jurumenha, português de nascimento, era considerado o único dono de escravos em Redenção. Após a libertação, ele vendeu a fazenda para Juvenal de Carvalho, na época com 100 hectares. Em 1930, possuía 500 hectares.
O Museu é parte da fábrica Douradinha, produzida na fazenda desde 1873. A priori, os escravos fabricavam a cachaça por meio das chamadas “pedras-mor”. e, de acordo com a guia do Museu (Maria da Conceição), quase exclusivamente para o próprio consumo.

"No museu, cada objeto tem uma história para contar..."
A estrutura da Casa Grande, construída em 1750, é toda a original. Cada detalhe nos compartimentos conta-nos uma nova história. Logo na varanda, há uma cabeça de boi. Segundo Maria da Conceição, diz-se que a pessoa que tocar nele, recebe um 'par de chifres' em até oito dias. Ao lado da cabeça, há um sino com a seguinte frase: “Sino para anunciar a labuta”. Maria explica que caso alguém toque o sino, se for solteiro, não conseguirá casar e se for casado, em pouco tempo irá se separar ou fica viúvo.
Não apenas os proprietários contribuíram para preservar a história do local, como também a senhora Maria Estela, hoje com 80 anos de idade. Atualmente, ela reside em Fortaleza com os filhos. Porém, mais de meio século de sua vida passou-se ao lado da família de Galdioso, no Engenho Livramento.
A guia disse-nos que Maria Estela relatou a morte de uma escrava na fazenda, que causou, acidentalmente, a morte do único filho do senhor Simião. Ela deveria pagar com a própria vida. Então, foi queimada viva em um fogão à lenha e sepultada, também em vida, na senzala.
Na casa, também está preservado o documento que traz o nome do antigo do município de Redenção: Vila do Acarape (a atual cidade de Acarape chamava-se Calaboca). O motivo do Calaboca se deu porque na antiga Acarape existia um mosteiro de frades, com a presença de vários indígenas. No momento em que os frades se reuniam para fazer suas orações, os índios os incomodavam com barulho. Daí, várias vezes os frades se dirigiam até eles e os mandavam “calar a boca”.
Os vários castigos sofridos pelos escravos, como o tronco, vira-mundo, sala dos troncos e solitária, podem ser percebidos e imaginadas através dos objetos presentes na senzala.

Conclusão: a importância das aulas de campo
As atividades de campo são fundamentais para a construção do conhecimento na escola: professores e alunos tem diante de si uma riquíssima oportunidade para juntos buscarem as causas da diferença. Da mesma forma, os alunos podem trocar ideias e informações analisando diferentes resultados obtidos. A proposta da aula de campo é transcender os limites físicos da sala de aula explorando a sensibilidade do contato direto com aspectos do nosso meio. Infelizmente a maioria das escolas brasileiras esbarra em problemas relacionados a falta de recursos financeiros, burocracia e receios dos pais em relação a passeios e excursões, exigindo ainda mais criatividade e empenho dos professores para que o ensino não sofra prejuízos. O campo traz muitas informações, desde que bem orientado para que os objetivos não sejam perdidos e as oportunidades deixadas à esmo.


Por Amadeu Cardoso

3 comentários:

Ninguém revisa esses textos postados aqui?
Um blog que traz a cara da Escola de Ensino Médio de Itapiúna deveria ter uma revisão mais minuciosa. Isso é um desrespeito a gramática padrão. Reveja o trecho:

"que nos relata a experiência de CONHEÇO um lugar de guarda e preservação da"...

Onde está o editor numa hora dessas? Tenha mais atenção!!!

Karla, agradecemos seus comentários. Ficamos muito felizes por receber sua atenção.
Deves ter notado que, acima de tudo, os erros são oriundos de digitação, não meramente ortográficos e/ou de concordância.
De fato, falta-nos um editor, alguém que possa receber o nome e realize as funções que lhe cabem. Temos carência de colaboradores.
Gostaríamos de poder continuar contando com suas observações.
Se puderes, entre em contato conosco através deste email: escola.ft@gmail.com.
Prof. Ruy Gondim

Eu estive nesta aula, e posso afirmar, foi muito bom...Toda a casa nos arremete ao passado, seber que cada metro ali situado foi peregrinado por passos diarios de pessoas sem voz, esvravas as vezes de si mesmas. Estando lá percebe realmente e tive a noção de como um país foi contruido, através de mãos corroidas por maltratos.
Sobre a aula: Cara, nada melhor que sair um pouco da teoria e ver realmente como eram e como viviam cada um. Bom seria que todos os professores pulacem um pouco a rotina.